Injustiças Ambientais na Baixada Fluminense e o Impacto na Cidade dos Meninos - Duque de Caxias são temas de mesa na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense - FEBF/UERJ.
A ocupação do espaço da Baixada Fluminense-RJ ao longo do tempo é
marcada por uma série de impactos ao seu ambiente e a seus moradores. Este fato
evidencia-se não somente pela presença de fábricas clandestinas, depósitos de
lixo e a poluição dos rios e do ar, como também a contaminação do solo por
produtos químicos.
Neste último
exemplo, se enquadra a Cidade dos Meninos, em Duque de Caxias - RJ, onde se
registra uma contaminação do solo local por Hexaclorociclohexano (HCH),
conhecido como Pó de Broca, bem como de outros compostos organoclorados, como o
diclorodifenilcloroetano (DDT) desde a década de 1970 com o fechamento de uma
fábrica privada de pesticidas, que produzia produtos para extermínio de
insetos, e da fábrica de fármacos do Governo Federal, que produzia remédios
para piolhos e pequenos parasitas, ali situadas.
Estas temáticas
estiveram presentes na palestra intitulada: "Justiça Ambiental: A
construção de um conceito." realizada na Faculdade de Educação da Baixada
Fluminense - FEBF/UERJ por José Miguel da Silva, Geógrafo pelo IM-UFRRJ, e
mediado pelo professore adjunto do Departamento de Geografia da FEBF/UERJ, e
Pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos do Espaço da Baixada
Fluminense - NIESBF, Frederico Duarte Irias no dia 30 de Maio de 2017.
Em seu cerne,
pode-se entender a justiça ambiental como os princípios que asseguram que
nenhum grupo de pessoas, sejam grupos étnicos, raciais ou de classe, suporte
uma parcela desproporcional de degradação do espaço coletivo, garantindo,
assim, o direito e a qualidade de vida ambiental, entendendo que esta última
abarca a qualidade do ambiente físico em conjunto com a qualidade dos
equipamentos urbanos de uma localidade.
Nesse sentido, ao direcionarmos nosso olhar para a Baixada
Fluminense, podemos observar a consolidação de inúmeras injustiças ambientais,
ligadas ao modelo de desenvolvimento baseado no capitalismo e, portanto,
consequentes da estrutura de organização social desigual.
Miguel aborda em
sua fala a atual dinâmica do capital da "Disposseção", onde o mesmo
se apropria dos direitos dos mais carentes para sua reprodução, abordando
ainda, neste atual modelo de desenvolvimento, a transferência da produção de
empresas poluidoras de países desenvolvidos para países onde a legislação
ambiental é mais "branda" ou flexível.
Outras dinâmicas
do capital presentes se apresentam na questão fundiária em Caxias, onde os
espaços são vistos, cada vez mais, como possibilidades de investimentos e
lucros, priorizando cada vez menos a população local em suas mais diversas
dimensões, inclusive a da saúde. Foi abordado que a luta por terras na Baixada,
em sua esmagadora maioria, não privilegia os mais necessitados, tornando estes
últimos mais expostos a poluições e contaminações. Isto é, as brechas da lei,
seriam artifícios e medidas provisórias que privilegiam grupos hegemônicos
presentes neste espaço.
Miguel aponta,
porém, alternativas e possibilidades neste cenário. Para ele, a luta por
justiça ambiental deve se construir com lutas concretas, sujeitos históricos, com
os lugares se constituindo como espaços pedagógicos e de aprendizagem, citando
exemplos da militância na Baixada Fluminense, e de agentes sociais como agentes
de transformação.
A BV em dia
ressalta a importância do trabalho dessas temáticas não apenas a critério da
formação de indivíduos críticos e autônomos, mas também de cidadãos conscientes
e bem informados sobre as intencionalidades sobre o espaço, com capacidade de
atuação para a melhoria das problemáticas locais que se apresentam.
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